Imagem: Cantinho de trabalho da Viviane Nunes
Hoje é meu 14º dia de distanciamento social. Eu e meu marido estamos trabalhando em casa e evitando ao máximo sair, principalmente ele, que tem 61 anos, é infartado e quebrou o fêmur faz 6 meses e ainda tem um certa dificuldade de locomoção. Conversando com uma amiga, que está tendo muita dificuldade em superar esse período de isolamento, decidi escrever sobre isso.
Minha amiga diz que está
enlouquecendo, precisou recorrer a um psiquiatra e esta tomando remédios.
Particularmente não consegui ainda sentir o tédio, pelo contrário. Tenho
trabalho “feito louca’ até tarde da noite. Minha rotina está muito desgastante,
sinto muita dor de cabeça e quase não tenho tempo para nada.
Para piorar ainda estou
tendo que limpar a casa (suspendi as vindas da minha colaboradora) e fazer
comida. Aliás, essa é a parte mais complicada. Detesto cozinhar e fazer almoço
e jantar todo dia está acabando com a minha criatividade.
Depois de terminar uma “faxina
daquelas”, minha amiga Laura Todaro me contou como tem enfrentado esse período.
Depois de oito dias sem sair de casa , ontem (28/03) ela foi tomar a vacina da
gripe. “Ao mesmo tempo que foi libertador fiquei com muito medo das pessoas se
encostarem em mim (paranoia)”, afirma.
Para passar o tempo ela diz
que tem trabalhado muito, rezado muito e feito um pouco de mosaico (está
aproveitando para colocar algumas peças em dia). Laura conta que agora está
menos ansiosa e angustiada, até sábado passado chorava muito de preocupação
(sou testemunha, falei com ela e cheguei a ficar bastante preocupada).
A solução encontrada foi
recorrer à meditação com alguns vídeos do YouTube. Essa semana ela se reuniu
com a família na plataforma Zoom. “Vi quase todas as minhas primas. Com meu pai
falo por chamada de vídeo muitas vezes por dia. Amanhã (29/03) vou jantar na
casa dele, claro que ele bem distante de mim, mas já dá para aliviar o estresse
do meu “Goldinho” favorito.”
Outra amiga, Raimunda
Caberlingo, conta que saiu ontem (28/03) rapidamente para ir ao mercado, que
fica há uns 150 metros de casa. “Tenho feito serviços caseiros. Hoje até tentei
correr no quintal, mas o “danado” do cachorro não me permitiu.”
Embora esteja de férias,
continua acessando os e-mails para fazer os serviços essenciais, como cadastrar
os pagamentos com vencimentos próximos. “Além dos meus filhos não tenho visto
mais ninguém. Falo com minha mãe por telefone diariamente e com meus irmãos
pelo WhatsApp.”
Em casa desde o dia 20 de
março, minha amiga Carla Monteiro, diz que foi ao mercado no dia 25 e passou
rapidamente na casa da mãe, que tem mais de 70 anos. Também de férias (15
dias), tem passado o tempo arrumando armários e assistindo séries e filmes. “Viva
a Netflix”, brinca.
Extremamente ativa, afirma
que está irritada, mas feliz por saber que a família e os amigos estão bem. (e
olha que ela tem um senso de humor fantástico). Morando sozinha, o WhatsApp tem
sido um bom companheiro.
Motociclista, Robson Souza,
não ficou nem um dia em casa, pelo contrário, está trabalhando dobrado. Apesar
disso garante que está se sentindo útil, prestativo e feliz, embora preocupado
com a família. Renato está em casa há cinco dias. Quando não está trabalhando
apela para os jogos de tabuleiro e o Whats. Ele garante estar tranquilo, uma
vez que está se cuidando.
Há 10 dias em casa, Marli
Pessano está trabalhando em home office, mas apesar disso, tem encontrado tempo
para limpar a casa, fazer comida, cuidar da cachorra, assistir TV, filmes e
séries. As opções para falar com a família e amigas tem sido o facetime e hh
virtual.
Sandra Nigro saiu de casa
ontem (29/03). Depois de um semana foi fazer “Sacolão”. Além de estar
trabalhando em home office, tem aproveitado para cozinhar, cuidar da casa,
assistir séries na TV e o noticiário. “Me
sinto entediada, desesperada de vontade de sair de casa. Não vejo minha família
faz 10, desde que comecei o isolamento.”
Depois de seis dias na
Chácara do pai, Marcela Clarizia conta que voltou para casa. A distração vem de
séries, piscina, filme, música e baralho. Sem trabalhar e sem ver a família,
diz que sente-se ansiosa.
No 14º dia de isolamento,
Gabriela Guimarães que já trabalhava em sistema de home office, diz que o
trabalho não mudou em nada. A preocupação vem do risco de perder o emprego. “Sou
PJ e presto serviço de produção de conteúdo para site de um amigo meu, então
estamos muito preocupados, mas por enquanto, continua tudo normal.”
Ela conta que na semana
passada teve uma crise de ansiedade. “Cheguei a dar uma surtada, estou fazendo quarentena
com a minha mãe, ela tem 80 anos, é grupo de risco. Tenho 40 anos, mas minha
saúde é boa, só que fiquei com medo de passar algo para ela, já que estava
saindo normalmente, tendo contato com outras pessoas, rolou esse medo. Mas
agora está tudo bem. E agora é um dia de cada vez.”
Como o trabalho ocupa boa
parte do dia, ela sente mais os efeitos na parte da noite. Começou a ver séries
e estudar coisas do trabalho, além de procurar ajudar quem precisa. Fala com
amigos e familiares pelas redes sociais e telefone. “Tenho saído uma vez por
semana para ir ao mercado, que é minha válvula de escape, pois dou uma volta.
Tentei ensaiar descer mais vezes na área
externa do meu prédio para me exercitar, mas declinei da ideia vendo que de uns
dias para cá as pessoas estão saindo muito na rua, acho isso muito
inconsequente, sem noção, então tenho uma idosa de 80 anos para cuidar e ela é
minha prioridade.”
Trabalhando em dois Sindicatos a jornalista, Viviane Nunes, criou uma metodologia para enfrentar esses dias.
Como eu e o Robson, ela afirma que tem trabalhado muito. “Diria que estou
trabalhando muito mais, pois preciso manter as pessoas com quem trabalho
informadas.”
Para não se sentir triste
ela conta que acorda e se arruma como se fosse sair de casa para trabalhar. “Coloco
até salto alto, passo perfume (risos). Quando sinto que a tristeza vai chegar
ligo para alguém”. Ela diz que escolheu um lugar agradável da casa e colocou
plantas bem perto. “Tento sempre deixar a casa organizada. No final do dia subo
e desço 20 andares, por escadas.”
Mesmo com tudo isso, Viviane
confessa que o sono está mais irregular do que nunca. “Estou me valendo de
vários chás.. Ah! Mais do que nuca, tenho rezado. Todos os dias, às 21 horas,
um grupo de familiares e amigos se unem, virtualmente, para rezar o terço. A
família tenho visto virtualmente, mãe, irmã, tias. Estamos todos unidos nesta
guerra invisível. E vamos vencer! Com a divina misericórdia.”
DICAS PARA CONTROLAR A ANSIEDADE
Como vimos, cada um reage de
uma maneira, mas a ansiedade acaba rondando todo mundo. Confira algumas dicas
simples para controlar a ansiedade:
- Mude de atitude em relação
ao problema. Tente informar-se sobre o que está causando ansiedade;
- Respeite suas limitações –
peça ajuda de amigos, familiares ou mesmo de um psicólogo;
- Respire Fundo e calmamente
– feche os olhos e imagine-se em um local agradável;
- Pense positivo e pratique
a gratidão;
- Valorize o presente –
evite pensar demais no futuro;
- Pratique atividade física
de baixo impacto.
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